quinta-feira, 29 de agosto de 2013

De 18 de Agosto de 2012 a 18 de Agosto de 2013

Em 18 de Agosto de 2012, apesar de ter tido uma noite anterior linda, eu acordei triste. Fui trabalhar e meu melhor amigo estava bem preocupado comigo. E eu não sabia o que responder a ele sobre o meu estado.

Era sábado. No domingo, a gente havia combinado um churrasco. Tinha jogo do Vasco x Flamengo e ele já havia combinado, também, sem eu saber, de me zoar muito na segunda-feira, com um outro amigo do trabalho já prevendo a derrota do meu time. Mas o churrasco foi cancelado. Ele decidiu que precisava ir para sua terra natal e “Mari, você sabe que eu tenho que ir, né?”, me deixou sem ter como argumentar, embora ele tivesse dito e repetido na sexta-feira inteira que se eu não quisesse que ele fosse, ele não iria. Jamais faria isso...

Ao final do sábado de trabalho, nos despedimos com um abraço e, eu, com uma dor enorme no peito. Coisa que não costumo fazer, fiz aquele dia: cheguei do serviço, almocei, tomei um banho e dormir. A tarde inteira, o início da noite dormindo. Acordei somente para ir ao aniversário de uma amiga. Acho que foi providência divina. Se estivesse acordada, ficaria na internet e saberia da notícia da pior maneira. Dormindo, pude receber a notícia, olho-no-olho, da minha irmã. O meu melhor amigo havia sofrido um acidente e tinha partido pro céu. Eu só sabia gritar e chorar. E durante muitos dias depois disso e, até hoje, eu só sei chorar.

3 dias depois, eu fiz uma tatuagem em homenagem a ele. Uma estrela cadente com a letra inicial do seu nome. Propício. Ele foi mesmo assim: rápido, apaixonante e impactante como uma estrela cadente.

2 dias depois da tatuagem, conheci Mimoso inteira como ele me prometera várias vezes que faríamos juntos. E fizemos. Só que ele não estava andando do meu lado. Eu só o acompanhava naquele cortejo triste... Promessas foram feitas por mim a ele que, agora, de perto das estrelas onde mora, cuida de mim.

1 semana depois do acontecido, eu não sabia como ainda podia trabalhar naquele mesmo lugar que nós dividimos por algum tempo. Fosse trabalhando, fosse conversando, fosse fazendo planos, fosse trocando confidências.

Eu parei de existir. Era de casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Finais de semana, procurando me distrair com alguma coisa. Dentro de casa.

Resolvi abrir uma empresa que há muito tempo queria com minha irmã. Eu e minha mania de ser metida a chef de cozinha... Mas, por conta do meu trabalho, não conseguia disponibilizar muito tempo para a empresa que ficou mais nas mãos dela do que tudo.

Pouco mais de 3 meses depois, conheci uma pessoa que me trouxe de volta à vida. Me fez ter, de novo, vontade de viver, de sair, de me divertir, de ser feliz. Me apaixonei. Mas eu estava com medo e deixei rolar. Nos tornamos grandes amigos e a vida seguiu.

Pouco tempo depois, me vi sem ele. Lutei, briguei, corri. (de maneira completamente errada) Tive ele. Pouco tempo depois, sem ele. Sofri, chorei, doeu. Me aproximei de Deus e a vida continuou.

Um dia, a família do meu pai ligou dizendo que minha tia que, até então, não tinha nenhum problema, havia sido internada e estava em estado grave. No dia seguinte, ela entrou em coma induzido. No terceiro dia, entrou em coma mesmo. No final do dia, ela morreu.

Minha mãe estava de repouso por recomendação médica há dias e não podia ir ao enterro. Fui com meu pai e minha irmã ficou com ela. Foi dolorido. Perder alguém sempre dói muito. Mas, naquele momento, eu sentia mais pelo meu pai do que por qualquer coisa.

Na volta, chegando em casa, fomos informados que minha vó havia sido internada, após ser encontrada muito ruim em sua cama, com sintomas de AVC. Bem, o AVC nunca foi diagnositcado. Minha vó teve pneumonia, infecção urinária, desnutrição e, no dia seguinte, estava em coma na UTI.

20 dias depois, ela saiu da UTI e foi para um quarto de isolamento, onde (parte da) família se revezava em 3 turnos diferentes para ficar com ela.

Comigo, os problemas de 7 anos atrás se agravaram e eu tive que procurar ajuda médica para problemas de cunho psicológico. Me vi consultando com terapeutas, psicólogos, assistentes sociais, psicanalistas... E, enfim, tomando 4 remédios. 2 desses, tarja preta.

Re-encontrei amores do passado. Um está noivo e continua sendo um dos caras mais bacanas que já conheci. Outro, o que mais me decepcionou na vida e a quem eu demorei 8 anos pra re-encontrar, não causou a esse coração nenhuma palpitação. Aliás, só me causou aquela sensação de “jura, Mariana, que você chorou por conta disso?”. Outro, 6 anos de distância e ainda continua me fazendo rir e me mimando daquele jeito que só ele sabe fazer. Descobri que a vida é mesmo um moinho. E que, não importa quais caminhos você tome, a vida sempre se encarregará de trazer a você o que é pra ser seu e libertar-te do que não pertence.

Minha carteira de motorista foi suspensa por 3 meses por conta de 8 multas por excesso de velocidade em um período de 3 horas!!!

Cumpri uma das promessas feitas ao meu melhor amigo. Saí do meu trabalho (a gente planejava isso há algum tempo...). Ok, a saída foi mais por causa do meu tratamento de saúde do que por qualquer outra coisa, mas não importam os meios se o fim é o mesmo. Passei a me dedicar mais à minha empresa e entrei em dois outros projetos que me fazem feliz!

Saí da vida sedentária e entrei por time das (quase) marombeiras. Perdi muitos dos quilos que me incomodavam e continuo a perder os que ainda incomodam. Fiquei loira. Passei a me maquiar. Caiu um pouco de vaidade em mim.
Outra promessa que havia feito ao meu melhor amigo era de que no dia 18 de Agosto de 2013, um ano após sua partida, eu iria a Mimoso, assistiria a missa, colocaria uma flor em sua sepultura, daria um abraço em seus pais e voltaria pra casa. Por muitas vezes, durante todo esse tempo, eu disse que só Jesus me tiraria de Mimoso no dia 18 de Agosto de 2013.

Foi aí, que tudo – absolutamente tudo! -  começou a dar errado e no dia 17 de Agosto, avisei a mãe dele que não poderia ir. E eu chorei! De novo!

No dia 18 de Agosto de 2013, como não poderia deixar de ser, o dia amanheceu triste pra mim. Eu só pensava no Emerson. À tarde, 50 dias após ter ido para o quarto de isolamento, recebemos a notícia de minha vó tinha ido morar perto do meu melhor amigo.



Bem, foi um período de um ano bem intenso. Só teve mais coisas ruins que boas. Só isso. Mas aprendi muito. E ainda estou aprendendo muito com tudo o que aconteceu nesses 365 dias. Aprendi que não dá pra reclamar de nada, porque, muitas vezes, quando você reclama de uma coisa, você pode descobrir um dia depois, que aquilo era a melhor coisa da sua vida (sim, teve isso nesses 365 dias!). Aprendi que se você tem fé em Deus, basta um pouco de paciência e crença de que Ele está cuidando de tudo e que o melhor será feito. Aprendi que se uma prece minha não foi atendida, é porque há algo muito melhor do que o que eu pedi reservado para mim. Aprendi que o silêncio é a melhor resposta na maioria das vezes. Aprendi que pessoas que amamos muito simplesmente um dia se vão. Aprendi que enterramos os mortos, mas que, infelizmente, também enterramos pessoas vivas. Aprendi que existem amigos “pau pra toda obra” e amigos do churrasco e cerveja. Aprendi que não posso esperar das pessoas o que eu faria por elas. Somos diferentes e, pra ser sincera, sendo nada modesta, eu aprendi que não existe ninguém igual a mim e que eu sou boa pra cacete! Aprendi que eu ainda tenho muito o que aprender.

Oi, meu nome é Mariana. Tenho 30 anos e sofro de TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada – “com traços de depressão”, segundo minha médica. Tomo 2 remédios tarja preta, um que só é comprado com receita e outro homeopático. Um deles pra dormir. Não dormia havia mais de um ano! É um alívio dormir uma noite inteira! Ah, eu já estou tendo as minhas sessões de análise. Segundo meu psicanalista, eu preciso aprender a gerenciar minhas emoções e, aí, vai ficar tudo certo. Diz ele que as sessões de análise dão conta disso e eu, realmente, espero que sim! De 18 de Agosto de 2012 a 18 de Agosto de 2013, eu perdi muito. De 19 de Agosto de 2013 em diante, eu decidi ganhar mais do que perder. Eu escolho assim. E assim vai ser!

Esse post era só pra dizer o quanto eu odeio o dia 18 de Agosto. Meu melhor amigo e a melhor avó que alguém podia ter resolveram partir na mesma data com um ano de diferença. Enquanto chorava de saudade de um, chorei a perda do outro. Mas aí, me dei conta que, entre essas duas perdas, aconteceu um mar de coisas que poderia ter sido dividido em uns três anos e comecei a escrever um resumo disso. Sim, isso aí em cima é um resumo.

Pode não ter sido o melhor período de um ano da vida de alguém! Ainda estou meio “capengadinha”, com algumas interrogações, algumas (in)decisões... Mas uma coisa é certa: eu decido por SER FELIZ! Se eu respiro é porque eu estou VIVA. E eu devo a Deus mais dessa graça que Ele me deu do que o que eu tenho dado a Ele.

Então, Sr. 18 de Agosto, você será sempre um idiota. O seu azar é querer bater de frente com alguém mais determinada do que você. Alguém determinada a ser feliz e a ser boa pra caramba!



No paradoxo das poucas lágrimas que ainda insistem em cair, eu, com um sorriso no rosto e muito, muito determinada!